domingo, 6 de março de 2016

Resenha de Vidas Provisórias, de Edney Silvestre

Tá aí um livro que me surpreendeu bastante. Eu o adquiri através de uma promoção da Saraiva em que ele estava com o valor por volta de R$3,50 (nao lembro vakor exato agora, mas foi extremamente barato, medianta riqueza que o livros nos traz). Li a sinopse e gostei. É um livro bonito, sua lateral em azul, a organização das páginas, sem dúvida foi um fator bem positivo. 



Quando ele chegou, fiquei prorrogando a leitura até que chegou o dia de ser lido. Ele fez parte da leitura da férias, em janeiro mesmo o devorei. Achei o primeiro capítulo um pouco confuso, então decidi parar onde estava e reiniciar a leitura, que super valeu a pena.


Título: Vidas Provisórias
Autor: Edney Sivestre
Páginas: 240
Ano: 2013
Classificação: Literatura Brasileira / Romance


 Sinopse: Expatriados, separados no tempo e na geografia, Paulo e Barbara compartilham, além da experiência do exílio, o estranhamento pela perda de suas identidades, o isolamento e a sensação de interrupção do curso normal de suas vidas. Diferentes motivos os levam ao estrangeiro. Em 1970, Paulo, perseguido pela ditadura militar, é preso, torturado e abandonado sem documentação na fronteira, de onde segue para o Chile e depois para a Suécia. Barbara, com uma identidade falsa, deixa o país para trás em 1991 - durante o governo Collor -, fugindo de um rastro de violência, e se instala nos Estados Unidos como imigrante ilegal.
Na Suécia, Paulo se apaixona por Anna, militante da Anistia Internacional, com quem forma uma família. Mas é perseguido pelas lembranças dos sofrimentos que viveu e por uma sombra em seu passado. Nos Estados Unidos, Barbara, ainda adolescente, sobrevive de faxinas e serviços de manicure, abandonando seus sonhos de entrar para a universidade e conhecer o mundo. Sem falar inglês, sob o medo constante de ser desmascarada, ela convive com uma rede de prostitutas brasileiras e esconde uma paixão impossível. Satisfaz-se em ser mais um rosto anônimo e estrangeiro na multidão, sem se integrar ao país que escolheu habitar.

Em seu terceiro romance, Edney Silvestre cria um vigoroso retrato das transformações que ocorreram no país e no mundo nos últimos quarenta anos, com uma trama que viaja pelo Chile, Suécia, Estados Unidos, França e Iraque. O autor se vale, com sensibilidade, de sua experiência de onze anos como correspondente baseado em Nova York para revelar o universo dos imigrantes e, ao mesmo tempo, recriar de forma contundente um Brasil visto a distância.


Resenha:  

O livro é determinado inicialmente pelas suas cores e histórias intercaladas. Paulo tem a sua história contada em letras pretas e folhas amareladas, já Bárbara, folhas brancas e letras azuis. 
Paulo, com 21 anos em 1970, passou pela pior experiência de sua vida.  Sequestrado e torturado, logo após sua casa ser invadida por militares que desejavam tirar dele informações que nem mesmo ele sabia, foi obrigado pelo próprio irmão, que era militar, a exilar-se do Brasil. Chile e Suécia são os lugares em que ele tenta levar uma vida provisória. Nova identidade, novos rostos e novos idiomas que lhe são "empurrados goela a baixo". A ditadura militar tirou o que Paulo chamava de vida. Obrigado a viver em lugares que não reconhecia e não se identificava. Mesmo passando por dificuldades financeiras e com o psicológico visivelmente afetado, Paulo conhece o amor. Casa-se, tem filhos, constrói uma nova vida, sem se livrar das dificuldades de viver um lugar que não é o seu, ele não deixa de sentir falta do seu seu país e sonha em um dia poder retornar ao seu lugar de origem.

Bárbara, uma jovem que tenta fugir do Brasil no ano de 1991, na esperança de uma vida melhor nos Estados Unidos, se depara com uma vida difícil em que parece que não conseguirá nunca aprender o inglês apesar do tempo que está lá. Mentindo a idade, que era por volta dos 16 anos, Bárbara trabalha limpando casas de brasileiras que moram nos EUA. Tem uma vida angustiante, teme ser descoberta e expulsa do país que entrou de forma ilegal. Sofre preconceitos e assim como na vida de Paulo,  é explicito que seu psicológico também está afetado. Com a sua família ainda morando no Brasil, Bárbara ainda mantém contato com o país que um dia quisera esquecer. Mas tudo o que a jovem passou a fez repensar na vida. Seroa ela capaz de regressar a sua antiga vida?

É um livro que muitas vezes tem sua narrativa demasiada longa, tornando-o um pouco cansativo, porém, nunca desinteressante. Em diversos momentos o leitor angustia-se junto com os personagens, que passam por situações extremamente sofredoras, como tortura, estupro, xenofobia, além dos sentimentos internos de cada um. 

Em determinado momento, Paulo narra um fato que lhe aconteceu, juntamente com seu amigo Eduardo, quando ainda era criança. Ao encontrarem um corpo semi nu de uma mulher, provavelmente uma prostituta, em um local que costumavam brincar, suas vidas mudam completamente quando a família de seu amigo é obrigada a se mudar. Parece que eles encontraram algo que deveria ficar escondido. Nunca mais ele vira o amigo novamente. "Eduardo e eu acreditávamos que aquele mundo e aquele Brasil caminhavam para um futuro melhor e mais justo. Eu não sabia que o nosso futuro tinha dono". Essa citação é extremamente forte, principalmente porque mostra como a inocência de uma criança pode ser afetada por conta dos pecados/erros de um adulto. 

Algo bem interessante, é que são citados trechos de músicas e pessoas conhecidas aqui no Brasil, assim como poesias de outros países, como o "The road not taken" do Robert Frost, que particularmente acho excepcional, pois a mesma descreve não apenas estradas no meio de uma floresta, mas metaforiza como estamos sempre em bifurcações de decisões que devem ser tomadas em nossa vida.

Um livro complexo e real. Expõe através de uma forma fictícia, um sofrimento real.

Teria Paulo retornado ao Brasil? E Bárbara, o que acontece com a jovem que é obrigada a amadurecer antes do tempo?



 

Espero que tenham gostado da resenha, e fica aqui mais uma dica de livro a ser lido. Um super beijo a todos os meus dialéticos. 




























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14 comentários:

  1. Olá!

    Sério, tentei ler e não consegui. Mesmo sendo ficção, não suporto ler histórias em que há personagens sendo torturados. Acabei abandonando, mesmo sabendo que o Edney escreve super bem!

    resenhaeoutrascoisas.blogspot.com

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    1. Realmente, tem umas partes bem fortes, mas vale a pena, é um livro bem escrito. Obrigada por comentar e volte sempre!Super beijo!

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  2. Oi, tudo bom?
    Confesso que nunca ouvi falar desse livro, mas sua resenha me deixou bem curiosa! E que promoção boa você conseguiu hein hahah Vou anotar sua dica :)
    Beijos

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    1. Olá,

      Dei muita sorte mesmo nessa promoção. Inclusive, comprei em media 6 livros nesse dia. rrss
      Obrigada por comentar e volte sempre!Super beijo!

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  3. Olá, tudo bem?
    Adorei sua resenha, escreve bem. Nunca ouvi falar desse livro, mas deu para ver que ele é bem dividido em opiniões, o que eu adoro.
    Adorei teu blog, ganhou mais um seguidor, de muitos que virão.

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    1. Oi Weasley,

      Que bom que você gostou e fico feliz por se inscrever no blog. Com certeza não irá se arrepender. Deixa teu blog aqui que te sigo de volta!
      Obrigada por comentar e volte sempre!Super beijo!

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  4. Acredita que tenho esse livro no Kindle há um tempão e ainda não li??? Pois é. Na realidade baixei um dia que tava de graça, e depois disse ficou lá esquecido. Bom ver você falando sobre ele, me lembrou que o tinha, e melhor ainda saber que foi uma boa leitura pra ti. Isso me estimula a lê-lo logo.

    ;D
    Profissão: Leitora

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    1. Assim como você, eu já tinha o livro há um tempo e fiquei deixando para depois, se eu soubesse que era tão interessante teria lido antes, rsrs.

      Obrigada por comentar e volte sempre!Super beijo!

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  5. Olá

    Não conhecia. Achei legal mudar as cores conforme a história. Até lembrei de um livro que li e era assim.
    Adorei sua resenha, fiquei curiosa.

    bjs
    Fernanda
    http://pacoteliterario.blogspot.com.br/

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    1. Oi Fernanda,

      A ideia das cores foi bem criativa mesmo, me chamou a atenção.

      Obrigada por comentar e volte sempre!Super beijo!

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  6. Oi,
    Essa é a primeira resenha que leio desse livro, mas já tinha ouvido falar devido a divulgação que a intrínseca fez no seu lançamento. Confesso que não sei leria o livro, pois se passa num momento muito triste da hist do país.
    Bjs!
    Fadas Literárias

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  7. Oie
    Sabe, tenho que deixar de preconceito com esses livros que saem em uma super promoção em sites como saraiva, americanas e submarino, geralmente vejo um livro por 3 ou 4 reais e não compro pois a capa não é bonita e nunca ouvi falar nele. E você arriscou e deu certo, que premissa rica. Eu amei. Adorei o lance de dividir a narrativa entre personagens através das cores de letras e páginas.
    Realmente adorei a premissa, e mesmo cansativo as vezes não é desinteressante, isso é legal.

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  8. Olá... tudo bem??
    A sua resenha ficou ótima... retratou seus sentimentos com relação ao livro, mesmo com algumas partes cansativas.. livros dessa temática tem que ser mesmo bem desenvolvido e com uma escrita mais detalhada até para melhor entendimento do leitor... eu não conhecia a obra, porém apesar de achar o enredo até interessante, não tenho pretensão de ler o livro... Xero!

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  9. Que promoção hein!Achei bem interessante a história e a forma que o livro foi organizado, nunca havia visto uma organização assim. Vou pesquisar promoções desse livro hahah
    Obrigada pela dica. Acho que nunca li um livro da época da ditadura aqui no Brasil, aliás já li sim, mas não focava nisso.

    Beeijos, Erica Regina
    Blog Parado na Estante
    Fanpage Parado na Estante

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